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quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Pará está de joelhos diante da violência

 O Pará está de joelhos, encolhido e aterrorizado pela violência. Sair às ruas, seja de dia ou à noite, é um risco permanente. O problema não é sair de casa, mas saber se retorna sem ter sido admoestado por um malfeitor. A insegurança está por toda parte: na viela escura do subúrbio, na praça do centro da cidade ou num sinal de trânsito, na feira, no jogo de futebol, na porta da escola, na parada de ônibus.

O terror da noite passada, com a matança promovida por agentes da lei que deveriam zelar pela segurança dos que pagam seus salários– as autoridades responsáveis pela investigação das mortes não admitem oficialmente o que já sabem – é o retrato de uma Belém sitiada pela banalidade do crime.

Já era previsível que, a qualquer hora, viesse à tona o que se comentava sobre a participação de militares da Rotam em um grupo de extermínio. Que, aliás, botou suas garras de fora depois que um integrante da própria corporação, licenciado para tratamento de saúde e também por responder a inquéritos por homicídio, ser morto a tiros por pistoleiros ligados ao tráfico de drogas. A morte do policial desencadeou uma revolta entre os colegas.

“Vá com deus, irmão! O sr combateu um bom combate e cumpriu a sua missão. CB Pety (como era conhecido Marco Figueiredo). A caça começou...!!! Te liga vagabundo... a Rotam esta com sangue nos olhos”, foi a mensagem postada na página da Rotam na Internet. Uma página que, em nota, a assessoria do governo do Estado disse não reconhecer. De qualquer maneira, a página tinha até ontem mais de 10 mil curtidas e vários comentários de incentivo à vingança.

Os que saíram em campo movidos pela fúria vingativa e armados com pistolas ponto 40, além de outros tipos de armas, decidiram que seria melhor fazer logo a chamada justiça com as próprias mãos, em vez de aguardar que a Polícia Civil, o Ministério Público e a Justiça fizessem seu papel de investigar, denunciar e julgar os matadores do militar. Com essa atitude, os justiceiros acabaram por revelar que não há comando na tropa, ou que este é frágil e incapaz de impedir que se manche, com atitude insana, todo um trabalho feito pela maioria dos policiais militares que diariamente expõem suas vidas em defesa da sociedade.

O promotor militar Armando Brasil Teixeira, que tem sido duro no combate aos desvios de conduta, informou que está acompanhando todo o trabalho de investigação policial e que não hesitará em pedir a condenação a pena máxima e expulsão da tropa em caso de confirmação do envolvimento de policiais militares. Brasil também pediu que a população de Belém não se deixasse influenciar por informações exageradas. “A população não deve entrar em pânico. Há muitas pessoas se aproveitando da situação e espalhando boatos pela internet, tentando criar uma situação de caos”, afirmou o promotor. O secretário de Segurança Pública, Luís Fernandes, comentou que, pelo menos, seis das noves vítimas apresentavam característica de execução. Ele confirmou que as mortes não ocorreram em confronto com a polícia e que não houve mortes durante a operação para localizar os assassinos do PM. A Corregedoria da Polícia Militar disse que não descarta e nem confirma a participação de membros da PM nesses crimes.
 (Diário do Pará)

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